terça-feira, 1 de novembro de 2016

TCE suspende licitação de obras do monotrilho

29/10/2016  - O Estado de SP

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) suspendeu nesta sexta-feira, 28, a licitação aberta pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) para contratar obras complementares para a construção de quatro estações da Linha 15-Prata, o monotrilho que vai ligar a Vila Prudente e São Mateus, na zona leste da capital paulista.

Em despacho publicado no Diário Oficial, o conselheiro substituto Márcio Martins de Camargo acolheu uma representação feita pela empresa Tiisa Infraestrutura e Investimentos S/A, apontando falhas no edital para contratação das obras de acabamento, instalações hidráulicas, comunicação visual, paisagismo e reurbanização de Jardim Planalto, Sapopemba, Fazenda da Juta e São Mateus. A previsão de inauguração delas é em 2018.

As queixas se referem aos itens que tratam da qualificação técnica e do atestado das empresas interessadas, o que ameaçaria a isonomia na disputa e a escolha da proposta mais vantajosa para o poder público. A sessão de entrega dos envelopes com as ofertas das licitantes estava marcada para esta sexta. O conselheiro determinou a suspensão da licitação e deu prazo de 48 horas para que o Metrô encaminhe cópia do edital e os esclarecimentos sobre os itens questionados. Em nota, a estatal informou que prestará todos os esclarecimentos ao TCE no prazo estipulado.

Sem previsão.

A construção da Linha 15 foi anunciada em novembro de 2009, ainda no governo José Serra (PSDB), com previsão de entrega completa para 2012, com 18 estações e 26,6 km de extensão, até Cidade Tiradentes. Até agora, contudo, apenas Vila Prudente e Oratório foram entregues, com 2,9 km de extensão. E o trecho entre São Mateus e Cidade Tiradentes não tem mais prazo para sair do papel por causa de problemas financeiros. O custo estimado de toda a obra é de R$ 7,2 bilhões.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Alckmin admite que não há mais data para início do monotrilho no ABC

06/10/2016  - Diário do Transporte

ADAMO BAZANI

Pela primeira vez, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou de forma oficial que não há mais data para o início das obras da linha 18-Bronze do monotrilho, previsto para ligar São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul até Estação Tamanduateí, na capital paulista.

Alckmin afirmou que o Estado precisa de aprovação por parte do Governo Federal de financiamento de verba que vai ser usada para as desapropriações exigidas para esse tipo de modal.

“Não temos como executá-la (a obra) se não tivermos o financiamento. Então, o Ministério da Fazenda e a Secretaria do Tesouro Nacional ainda não deram a resposta. A gente insistiu, insistiu e insistiu, mas não tivemos ainda o ‘ok’ em relação à obra. Então, é aguardar … Se o financiamento sair amanhã, (o trabalho) começa em seguida. A obra está licitada e contratada. Sem financiamento, não dá para iniciar uma obra de grande porte” – disse Alckmin em evento de entrega de dez novos trólebus para o Corredor ABD, operado pela empresa Metra – Relembre:https://diariodotransporte.com.br/2016/10/05/metra-alckmin-corredor-abc-novos-trolebus/

As desapropriações vão ser maiores do que o projetado inicialmente, principalmente por causa das vigas de sustentação dos elevados por onde circulam os pequenos trens com rodas de borracha.

Para captar financiamentos externos, os estados precisam ter uma autorização da Cofiex – Comissão de Financiamento Externo, do Ministério do Planejamento. Isso porque, nestas operações, a União é uma espécie de fiadora em eventuais calotes dos governos estaduais.

Na 112ª reunião da Cofiex, realizada em 15 de dezembro de 2015, o pedido do Governo do Estado foi retirado da pauta porque os técnicos verificaram que São Paulo não teria condições agora de assumir este endividamento.

As desapropriações para vigas e estações devem custar em torno de US$ 182,7 milhões (em torno de R$ 591,9 milhões) .

A linha 18 Bronze deveria ter 15,7 quilômetros de extensão, com 13 estações entre a região do Alvarenga, em São Bernardo do Campo, até a estação Tamanduateí, na Capital Paulista ao custo de R$ 4,5 bilhões com previsão de entrega total em 2015. Em 2015, orçamento estava 14% mais caro, chegando a R$ 4,8 bilhões, sem previsão de entrega. A previsão de demanda é de até 340 mil passageiros por dia, quando completo. O custo hoje por quilômetro em 2015 seria de R$ 305 milhões. Como as obras não começaram, técnicos dentro do próprio governo defendem outro meio de transporte para a ligação, como um corredor de ônibus BRT, que pode ser até cinco vezes mais barato com capacidade de demanda semelhante.

MONOTRILHOS NÃO EMPLACARAM AINDA:

Os projetos de monotrilho em São Paulo até agora não mostraram a que vieram.  As obras estão cada vez mais caras e houve redução de projetos, o que levanta discussões se este meio de transporte, que não é metrô, é inadequado para a realidade brasileira.

O Governo de São Paulo prometeu entregar entre 2012 e 2015, um total de 59,7 quilômetros de monotrilhos em três linhas. Apenas 2,9 quilômetros entre as estações Oratório e Vila Prudente, da linha 15 Prata estão em operação e ainda com horário menor que dos trens, metrô e ônibus.

Duas linhas, a 15- Prata e a 17 – Ouro, que somam 44 quilômetros estão em construção, sendo que 21,9 quilômetros foram descartados dos cronogramas iniciais.

Na linha 15-Prata são 16 quilômetros e oito estações a menos. A linha 17-Ouro perdeu 10 quilômetros e 11 estações. Confira abaixo:

de acordo com os dados oficiais do Metrô, o custo do quilômetro da Linha 15-Prata do Monotrilho da Zona Leste que era de R$ 206 milhões em 2010, subiu 70% e foi para R$ 354 milhões no primeiro semestre de 2016.

Já a Linha 17 Ouro, da Zona Sul, tinha o quilômetro custando R$ 177 milhões em 2010. No primeiro semestre de 2016 ficou 83% mais caro, com o quilômetro custando R$ 325 milhões.

Já o quilômetro do metrô de fato pode ser de em torno de R$ 500 milhões em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. No entanto, o metrô pode transportar mais de três vezes o que um monotrilho teria capacidade. Os dados foram apresentados pelo o professor de engenharia de produção e transportes da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Luís Afonso dos Santos Senna.

O técnico em transporte e vice-presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos ANTP, César Cavalcanti, em congresso no Recife pouco antes da Copa do Mundo de 2014,  mostrou números que aproximam mais ainda os custos dos monotrilhos de São Paulo com os custos-padrão de metrô de alta capacidade.  “Construir um quilômetro de metrô custa, atualmente, entre 80 e 90 milhões de dólares, podendo chegar até a 300 milhões, dependendo da capacidade e tecnologia. Fazer um quilômetro de Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) significa gastar entre 20 e 30 milhões de dólares. E implantar um quilômetro de Bus Rapid Trânsit (BRT) sai de 7 a 15 milhões de dólares.”

Quanto à capacidade, os monotrilhos podem atender de 15 mil a 35 mil passageiros hora/sentido. Já o metrô pode transportar de 60 mil a 80 mil passageiros hora/sentido.

Os dados são do consultor em mobilidade, Peter Alouche, e da Monorail Society.

Ainda com base nestas estimativas, do ponto de vista econômico, corredores modernos de ônibus com conceitos de metrô, os chamados BRTs – Bus Rapid Transit, têm capacidade quase igual dos monotrilhos, mas podem custar aos bolsos do cidadão em torno de cinco vezes menos, ainda de acordo com os dados de Peter Alouche e da Monorail Society.

Um BRT pode ter capacidade de 15 mil a 30 mil passageiros hora/sentido com o custo por quilômetro de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões.

Todos estes especialistas disseram que não é questão de rivalizar os modais, já que a solução de mobilidade vem por uma rede de vários sistemas de transportes integrados. No entanto, é simplesmente verificar se cada modelo é adequado para as realidades locais.

Além de problemas financeiros, principalmente falta de dinheiro para as desapropriações, há também dúvidas técnicas, como o tratamento das galerias de água sob a Avenida Brigadeiro Faria Lima, no centro de São Bernardo do Campo, e contratuais, como uma cláusula que determina que o monotrilho do ABC só deve funcionar após testes da linha 17 Prata, que também está sem uma definição clara sobre a inauguração.

O Metrô não interpreta o contato desta maneira, massa o Ministério das Cidades, responsável por verbas federais para mobilidade urbana, entende que estes testes são obrigatórios.

consultor e especialista Sérgio Ejzenberg, diz que os monotrilhos não foram a melhor escolha para São Paulo.

“Uma obra deve ser feita com projetos bem feitos para não dar margens a sobrepreços e aditivos que vão encarecendo a obra que é o que a gente viu que aconteceu … Não é só um problema de má gestão … Estas obras foram feitas com decisões erradas. Lá na zona Leste, o corredor de ônibus que tá passando embaixo tá tão saturado que quando ficar pronto o monotrilho, já vai nascer saturado também. Tinha que ter feito um metrô lá. Quando [o monotrilho] ligar do extremo leste para o centro, não vai dar conta. É o oposto desta Linha Ouro aqui na [avenida] Roberto Marinho, onde a demanda é tão baixa que quase não passa ônibus, não precisava gastar este dinheiro enorme quando tem tanta coisa que precisa ser feita.” – Relembre em GLOBO – MONOTRILHOS MAIS CAROS

INCOMPLETOS:

Não bastassem estar mais caros, os monotrilhos também devem ser inaugurados com extensões bem inferiores ao que foi prometido pelo Governo do Estado de São Paulo.

Por falta de verbas, vários trechos tiveram os cronogramas de obras suspensos.

O Governo de São Paulo prometeu entregar entre 2012 e 2015, um total de 59,7 quilômetros de monotrilhos em três linhas. Apenas 2,9 quilômetros entre as estações Oratório e Vila Prudente, da linha 15 Prata estão em operação e ainda com horário menor que dos trens, metrô e ônibus.

Duas linhas, a 15- Prata e a 17 – Ouro, que somam 44 quilômetros estão em construção, sendo que 21,9 quilômetros foram descartados dos cronogramas iniciais.

Na linha 15-Prata são 16 quilômetros e oito estações a menos. A linha 17-Ouro perdeu 10 quilômetros e 11 estações. Confira abaixo:

A linha 15 Prata deveria ter 26,7 quilômetros de extensão, 18 estações entre Ipiranga e Hospital Cidade Tiradentes ao custo R$ 3,5 bilhões com previsão de entrega total em 2012. Em 2015, orçamento ficou 105% mais alto, com o valor de R$ 7,2 bilhões. O custo por quilômetro sairia em 2010 por R$ 209 milhões, em 2015 por R$ 260 milhões e, no primeiro semestre de 2016, subiu para R$ 354 milhões. A previsão de 9 estações agora é para 2018. Está congelado o trecho entre Hospital Cidade Tiradentes e Iguatemi e Vila Prudente-Ipiranga. O governo do estado promete atendimento a uma demanda de 550 mil passageiros por dia

A linha 17 Ouro do monotrilho deveria ter 17,7 quilômetros de extensão, com 18 estações entre Jabaquara, Aeroporto de Congonhas e região do Estádio do Morumbi ao custo de R$ 3,9 bilhões com previsão de entrega total em 2012. Em 2015, o orçamento ficou 41% mais caro somando R$ 5,5 bilhões e a previsão para a entrega de 8 estações até 2018. Em 2010, o custo do quilômetro era de R$ 177 milhões. Em 2015, o custo por quilômetro seria de R$ 310 milhões e no primeiro semestre de 2016 foi para R$ 325 milhões. O monotrilho, se ficar pronto, não deve num primeiro momento servir as regiões mais periféricas.  Assim, os trechos entre Jabaquara e a Aeroporto de Congonhas e entre depois da Marginal do Rio Pinheiros até a região do Estádio São Paulo-Morumbi, passando por Paraisópolis, estão com as obras congeladas. Com este congelamento, não haverá as conexões prometidas com a linha 4 Amarela do Metrô na futura estação São Paulo – Morumbi, e nem com estação Jabaquara e da Linha 1 Azul do Metrô e Terminal Metropolitano de Ônibus e Trólebus Jabaquara, do Corredor ABD. Segundo o site do próprio Metrô, quando estiver totalmente pronto, este sistema de monotrilho atenderá 417 mil e 500 passageiros por dia.

A linha 18 Bronze deveria ter 15,7 quilômetros de extensão, com 13 estações entre a região do Alvarenga, em São Bernardo do Campo, até a estação Tamanduateí, na Capital Paulista ao custo de R$ 4,5 bilhões com previsão de entrega total em 2015. Em 2015, orçamento estava 14% mais caro, chegando a R$ 4,8 bilhões, sem previsão de entrega. A previsão de demanda é de até 340 mil passageiros por dia, quando completo. O custo hoje por quilômetro em 2015 seria de R$ 305 milhões. Como as obras não começaram, especialistas defendem outro meio de transporte para a ligação, como um corredor de ônibus BRT, que pode ser até cinco vezes mais barato com capacidade de demanda semelhante.

COMPARAÇÕES:

De acordo com o Monorail Society , o consultor em mobilidade, Peter Alouche, e palestras do professor de engenharia de produção e transportes da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Luís Afonso dos Santos Senna, e técnico em transporte e vice-presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos ANTP, César Cavalcanti, a escolha dos modais devem levar em conta os custos e quantas pessoas vão beneficiar.

– Corredor de ônibus simples: Capacidade de 10 mil a 20 mil passageiros hora/sentido – Custo por quilômetro inferior a US$ 5 milhões

– Corredor de ônibus BRT: Capacidade de 15 mil a 30 mil passageiros hora/sentido – Custo por quilômetro de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões

– Monotrilho: Capacidade de 15 mil a 35 mil passageiros hora/sentido – Custo por quilômetro de US$ 80 milhões a US$ 100 milhões

– VLT – Veículo Leve sobre Trilhos: Capacidade de 15 mil a 35 mil passageiros hora/sentido – Custo por quilômetro de US$ 20 milhões a US$ 60 milhões

– Metrô Leve: Capacidade de 25 mil a 45 mil passageiros hora/sentido – Custo por quilômetro de US$ 40 milhões a US$ 80 milhões

– Metrô: Capacidade de 60 mil a 80 mil passageiros hora/sentido – Custo por quilômetro de US$ 200 milhões a US$ 300 milhões

SONHO OU UTOPIA? AS VANTAGENS DO MONOTRILHO:

O engenheiro e mestre em Transportes pelo Instituto Militar de Engenharia – IME, Marcus Vinicius Quintella Cury, elaborou um estudo intitulado “A verdadeira realidade dos monotrilhos urbanos – Sonho ou Utopia: De volta ao Futuro?”. No levantamento de sistemas em diversas partes do mundo, o especialista mostra que vários fatores levaram à desativação de linhas de monotrilho:

ESTUDO – MONOTRILHOS – SONHO OU UTOPIA?
Quando foram anunciados pelo Governo do Estado de São Paulo, os três monotrilhos na capital, sendo um deles também para o ABC Paulista, foram apresentados como uma solução de mobilidade pioneira no País, de bem menor custo que o metrô e implantação mais rápida.

No entanto, já naquela ocasião, em 2010, especialistas em mobilidade urbana, arquitetura e urbanismo, e de contas públicas, levantaram questionamentos a respeito do modal, que em São Paulo, consiste em trens leves, com pneus de borracha, que devem trafegar em elevados.

Mais da metade dos monotrilhos inaugurados em todo mundo já foi desativada, de acordo com dados da Associação Internacional de Monotrilhos –  MonorailSociety –  e da UITP – União Internacional de Transportes Públicos. Além disso, com exceção da Ásia, grande parte dos países que implantaram sistemas de monotrilhos, não deu prosseguimento em outros projetos do modal.

A explicação, de acordo com os especialistas, está numa razão que engloba a complexidade das obras, capacidade de atendimento e o custo por quilômetro, além dos custos para operação. No caso do Brasil, por exemplo, o mais adequado, para estes especialistas, seria a criação ou expansão de redes de metrô de alta capacidade para demandas muito grandes, e, para demandas semelhantes às do monotrilho, corredores de ônibus modernos, BRTs, que custam até 10 vezes menos.

A edição brasileira do El País, em janeiro de 2016, ouviu alguns desses especialistas. Para eles, os monotrilhos em São Paulo são símbolos de atrasos e opções controversas.

Ao repórter André de Oliveira, o especialista e professor de mobilidade urbana, Marcos Kiyoto, diz que é um erro o governo Alckmin ter feito a sociedade acreditar que mudando a tecnologia de modal, os problemas de mobilidade seriam resolvidos.

“O monotrilho não é um caso isolado, as outras linhas de metrô em construção estão atrasadas, mas eu concordo que ele simboliza uma falta de capacidade em implantar transporte coletivo. O erro, a meu ver, foi acreditar que uma nova tecnologia pudesse resolver nossos problemas” – disse o especialista.

Já um estudo de Moacir de Freitas Junior e Alex Macedo de Araujo, da Fatec da zona Sul de São Paulo, classifica como vantagens do monotrilho a “ausência de interferência do tráfego de veículos, semáforos e cruzamentos chegando à velocidade de até 90 Km/h, boa relação capacidade/custo/tempo e finalmente, o ruído é baixo pelo uso do motor elétrico e pneus ao invés dos tradicionais trilhos metálicos. (OLIVEIRA: 2009). O sistema já foi testado e aprovado em grandes cidades como Mumbai, Kuala Lumpur e Las Vegas. Com projetos específicos que levem em conta as projeções de demanda é possível utilizar o sistema como protagonista do transporte público em determinada região em consonância com os outros sistemas de transporte através de integração física e tarifária” . Além disso, necessidades de menos desapropriações que o metrô , VLT ou mesmo BRT, dependendo do projeto, poderiam ser interessantes. – Veja em: VANTAGENS DO MONOTILHO

ESTIMATIVA DE DEMANDA PARA OS MONOTRILHOS DE SÃO PAULO PODE ESTAR INFLADA OU SISTEMAS JÁ NASCEM SATURADOS:

O urbanista Moreno Zaidan Garcia disse que os números de demanda para os monotrilhos em São Paulo podem ter sido superestimados e não corresponderem à realidade. Ou então, os sistemas já nascerão saturados.

Para chegar ao número de passageiros hora que serão transportados, o sistema já começará operando no limite de 6 pessoas por m² dentro dos vagões. “Claro, eu não estou falando de um problema exclusivo do Governo do Estado, é um problema brasileiro. Agora, uma suposição para a opção pelo monotrilho é que talvez ele tenha parecido atraente porque, ao contrário de obras de metrô subterrâneo, ele foi vendido como algo que poderia ser inaugurado dentro de uma mesma gestão”. – disse.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Governo Alckmin decide privatizar monotrilho da zona leste

24/06/2016  - Folha de SP

RODRIGO RUSSO

EDUARDO GERAQUE

Com dificuldades financeiras para expandir e manter a rede sobre trilhos em São Paulo, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu conceder à iniciativa privada a operação do monotrilho da linha 15-prata, na zona leste.

O martelo foi batido neste ano e recebeu aval na última reunião do conselho gestor das PPPs (Parcerias Público-Privadas). Agora, haverá um detalhamento do projeto.

Com a decisão, ela se tornará a terceira privatizada –a 4-amarela já é operada pela ViaQuatro, e as obras e futuros serviços da 6-laranja estão contratadas com a Move-SP.

Inaugurada em 2014, a linha 15-prata foi a primeira do Estado a adotar a tecnologia de monotrilho, um tipo de trem elevado, visto por especialistas com desconfiança. Ela sofreu seguidos atrasos (antes do atual edital, foi prevista para 2012, depois para 2015), ficou mais cara (a fase de obras superou em mais de R$ 300 milhões a estimativa) e funciona hoje com 2,9 km entre as duas estações: Oratório e Vila Prudente.

A segunda fase, que está em construção, prevê que a linha chegue com mais 10,1 km até a região de São Mateus em 2018. A ideia é que ela já esteja sob operação privada com essas estações.

Como revelou a Folha em 2014, as obras da linha 15-prata chegaram a travardevido a um córrego não previsto no projeto original –embaixo do trecho em que as obras para três estações seriam feitas. Foi preciso uma nova intervenção de engenharia para desviar as galerias de água na região, algo que foi concluído somente neste ano.


TERCEIRA ETAPA

A privatização foi definida pelo Estado como forma de evitar a contratação de mais funcionários ao Metrô e tentar levantar parte da verba para concluir outras linhas em atraso ou comprar trens para sua operação.

A linha 15-prata também tem uma terceira etapa projetada, com mais 11,5 km até Cidade Tiradentes, no extremo da zona leste, mas que ficou congelada devido à falta de recursos para avançá-la. Atualmente, a rede sobre trilhos não se sustenta apenas com a arrecadação da tarifa paga pelos passageiros.

A injeção de recursos para manter a operação da CPTM é próxima de R$ 1 bilhão no ano. No caso do Metrô, a empresa só depende de repasses estaduais referentes às gratuidades e descontos –por exemplo, a estudantes e idosos.

Mesmo assim, a gestão Alckmin chegou a dar um calote no Metrô no ano passado –deixando de repassar R$ 66 milhões dos R$ 330 milhões previstos para esses gastos. Com menos de 80 km construídos ao longo de mais de quatro décadas, a rede de metrô de SP é pequena em relação a outras metrópoles mundiais, mas bastante ocupada.

A tendência é que, conforme sua expansão avance, haja diluição do número de passageiros por quilômetro, assim como maior ociosidade em alguns momentos –podendo encarecer a operação.

Além da 15-prata, a gestão Alckmin também mantém estudos para a privatização de outras linhas sobre trilhos. Por exemplo, de duas das seis linhas da CPTM, a 8-diamante (que faz a ligação de Itapevi ao centro de São Paulo), e a 9-esmeralda (que beira a marginal Pinheiros). O conselho gestor do programa de PPPs de Alckmin afirma que essa proposta ainda "segue em análise devido à sua complexidade".

O governo também já manifestou interesse de conceder a linha 17-ouro de monotrilho (que passará por Congonhas). A proposta, porém, ainda não foi aprovada.


CÓRREGO

Existe um obstáculo a menos para que as atrasadas obras do monotrilho da linha 15, na zona leste de São Paulo, possam ser finalmente concluídas. O córrego que passava embaixo da futura estação Vila Tolstói foi desviado e não impede mais a colocação das colunas do prédio.

Na fase de projeto, o risco de a galeria atrapalhar a construção da estação foi subestimado pelos engenheiros do governo Geraldo Alckmin (PSDB). O Metrô de São Paulo teve que parar as obras para, então, desviar o curso do córrego Mooca, que passa pelo local. O órgão não revela em quanto o erro de avaliação dos técnicos encareceu o projeto.

Agora, o córrego faz um desvio embaixo do espaço destinado à futura estação. Ele corre cerca de 100 m por baixo da própria av. Prof. Luiz Ignácio Anhaia Mello e volta ao canteiro central. No buraco que ainda existe sob a futura estação é possível ver as bases dos 12 pilares que, feitos dentro do antigo córrego, sustentariam o edifício. Eles serão enterrados pela nova base de apoio do prédio.

O córrego que "apareceu" no meio da construção da linha é apenas um dos problemas que se acumularam durante toda a fase de execução do projeto. Por causa disso, as obras de continuação da linha (que hoje só opera entre duas estações), chegaram a ser previstas para 2012, passaram para 2015 e, agora, para 2018.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Metrô retoma monotrilho, muda projeto de estação e atrasa ligação com CPTM

23/06/2016 - Istoé

Estadão Conteúdo

A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) terá de redesenhar a futura Estação Morumbi do monotrilho, da Linha 17-Ouro, ramal cujas obras foram retomadas nesta semana, após cinco meses de paralisação. Assim, a ligação do Aeroporto de Congonhas com a rede metroferroviária, prometida pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) para a Copa do Mundo de 2014, não tem mais data para se concretizar.

As obras da Linha 17, suspensas em janeiro após desentendimentos entre o Metrô e as empreiteiras encarregadas da obra, foram retomadas anteontem, segundo informou o governador. “Já estamos hoje com cem trabalhadores”, disse ontem, referindo-se a um lote de obras que prevê três estações – Campo Belo, Vila Cordeiro e Chucri Zaidan.

A construção da linha é dividida em quatro contratos. Um deles é das vigas, trens e sistemas, assinado com um consórcio liderado pelas empresas Andrade Gutierrez (obras) e Scomi (trens). Dois dos contratos vão para a construção das estações. O quarto é do Pátio de Manobras Água Espraiada. Apenas o primeiro lote, com as Estações Congonhas, Jardim Aeroporto, Brooklin Paulista e Vereador José Diniz, não sofreu paralisações até agora.

“Para o Pátio Água Espraiada há previsão de assinatura de contrato ainda este mês e retomada de obras em julho”, afirmou o governador. “Quanto aos sistemas, estamos aguardando só uma decisão judicial para retomar imediatamente. A Linha 17 teve interrupção não pelo governo – para nós, estava tudo ordem -, mas porque as empresas estão tendo dificuldade frente ao momento econômico que o País está vivendo”, justificou Alckmin.

Novo atraso

A Estação Morumbi ficará de fora dessa retomada e passará por nova licitação. Segundo o diretor de Operações do Metrô, Mario Fioratti, os técnicos da companhia constataram que a demanda prevista para aquela estação, que terá conexão com a Linha 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), estava subdimensionada. Sem informar números, explicou que os estudos apontam que a parada receberá mais pessoas do que o primeiro projeto suportaria.

“O projeto original não previa acesso direto da rua para a estação. O usuário teria de entrar pela Estação Morumbi (da CPTM)”, explicou Fioratti. “Serão duas estações independentes, interligadas por um mezanino que será construído”, continua o diretor. Essa nova estação será objeto de uma licitação exclusiva, que será lançada em breve, segundo o Metrô.

Um problema dessa natureza já aconteceu quando foi feita a conexão entre as Estações Paulista, da Linha 4-Amarela, e Consolação, da 2-Verde. Depois que a ligação entre as paradas foi aberta e a demanda nos túneis de conexão se mostrou maior do que o previsto, a companhia passou a adotar medidas como desligar as esteiras rolantes nos horários de pico, mudar o piso tátil para portadores de deficiência visual e instalar divisórias para organizar o fluxo de passageiros. Ao menos dois tumultos chegaram a ser registrados em 2014, por causa da superlotação no local.

Obras

A Linha 17-Ouro originalmente tinha previsão de alcançar 18 quilômetros de extensão. Ligaria a Estação Jabaquara, da Linha 1-Azul do Metrô, na zona sul, à Estação São Paulo-Morumbi, da Linha 4-Amarela, na zona oeste – passando, no percurso, por Congonhas e pelas Linhas 5-Lilás (em obras) e 9-Esmeralda (da CPTM).

O Estado revisou a promessa, cancelando metade do ramal em dezembro. Agora, o único trecho previsto para sair do papel é entre Congonhas e a Marginal do Pinheiros, sem conexão com nenhum outro ramal metroferroviário, ao menos até a conclusão da Linha Lilás.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Obras de monotrilhos em SP atrasam, diminuem, e ficam até 83% mais caras

02/06/2016 - O Globo

Linhas Prata, na Zona Leste, perdeu 16 km e terá 8 estações a menos.
Linha Ouro, na Zona Sul, terá 11 km e 10 estações a menos.

Carolina Giancola, Alan Mendes e Philipe Guedes

As obras das duas linhas de monotrilho de São Paulo, a Linha 15-Prata e Linha 17-Ouro do Metrô, tiveram prazo de conclusão adiados, suas extensões reduzidas e uma elevação de preços por quilômetro em até 83%.

O prazo para a conclusão dos dois monotrilhos foi adiado. E mesmo quando estiverem prontas, as duas linhas vão ficar menores do que o governo do estado prometeu e vão custar mais caro. As informações são do SPTV.

O SPTV faz esta semana uma série de reportagens sobre mobilidade urbana. É o Anda SP, que vau falar das obras do Metrô, corredores e terminais de ônibus que estão atrasadas, paradas ou suspensas na Grande São Paulo.

Na Linha Prata, o trecho entre a estação Iguatemi, em São Mateus, e a Cidade Tiradentes foi suspenso. São 16 km e 8 estações a menos. O preço do quilômetro da linha subiu 70%, de R$ 206 milhões para R$ 354 milhões.

A Linha Ouro perdeu 10 km e 11 estações. O monotrilho agora vai ligar a estação Morumbi da CPTM ao aeroporto de Congonhas e não vai mais até o estádio Morumbi nem ao Jabaquara. O preço do quilômetro subiu 83%, de R$ 177 milhões para R$ 325 milhões.

A Linha Prata foi anunciada em grande estilo. Seria o maior sistema de monotrilhos do mundo. Ganharia do Metrô em tempo de construção pisca imagens obras paradas e em preço da obra.
Linha Prata do monotrilho (Foto: TV Globo/Reprodução)

Linha Prata do monotrilho (Foto: TV Globo/Reprodução)
A ideia era entregar o trecho até Cidade Tiradentes em 2012. Mas hoje o trem fica nesse vai e volta num trecho de 3 km entras as estações Oratório e Vila Prudente.

Para quem mora em um bairro da Zona Leste sobra só o ônibus como opção de transporte público.
O contador Diego da Silva Paixão diz que se pudesse viajar pelo monotrilho seria bem melhor, mais rápido e mais prático.

Monotrilho da Linha Prata atende a apenas 3 km (Foto: TV Globo/Reprodução)
Monotrilho da Linha Prata atende a apenas 3 km (Foto: TV Globo/Reprodução)


Outro esqueleto de monotrilho rasga a Zona Sul. A Linha Ouro, prometida para a Copa do Mundo de 2014, iria ligar o estádio do Morumbi ao Aeroporto de Congonhas.

Nesse tempo todo, o canteiro de obras já virou abrigo pra usuários de drogas, ponto pra desova de carro roubado, sem falar que rouba uma faixa de cada pista da Avenida Jornalista Roberto Marinho.  Fora o prejuízo que essa obra tá dando para os comerciantes da região.

Na Rua Rafael Iório, no Cambo Belo, a obra esconde uma locadora de carros instalada bem antes da obra do monotrilho começar.

Linha Ouro do monotrilho (Foto: TV Globo/Reprodução)
Linha Ouro do monotrilho (Foto: TV Globo/Reprodução)

“Isso está atrasando investimentos da nossa parte. A gente quer fazer reforma de loja, a gente quer fazer melhorias aqui, mas a gente não consegue porque a gente não sabe quando acaba esse transtorno que atrapalha essa qualidade de atendimento”, diz o gerente Douglas Vicentini. “A poeira que a obra proporciona deixa os carros mais sujos, eu tive que contratar lavadores de carro pra que o carro saia limpo da loja já”.

Valdir Sampel, do conselho de segurança de São Mateus, por onde vai passar a linha prata, diz que já convidou várias autoridades para participar das reuniões no bairro e que nunca ninguém da secretaria dos transportes metropolitanos apareceu.

“Nós esperávamos por parte do governador que viesse o Metrô. Como o Metrô não veio, veio o monotrilho. Achávamos que iria valorizar a região. Só que não está acontecendo isso. Sentimos que fomos enganados. São só promessas e nada mais”, diz.

O Metrô explicou que o atraso nas obras do monotrilho na Linha Prata se deu porque os projetos de três estações que ficariam sobre o córrego da Mooca tiverem de ser refeitos. "Durante o desenvolvimento do projeto básico imaginamos condições que mostraram que as fundações iriam interferir muito com a galeria. Foram condições estabelecidas durante o projeto executivo, que precisou fazer intervenção na galeria", explicou o diretor de engenharia Paulo Sérgio Amalfi Meca.
Na linha Ouro, segundo o Metrô, o problema foi com as empresas contratadas. "Rescindimos contrato com execução de obras de algumas das estações e do pátio porque as empresas não deram conta de cumprir as suas obrigações", disse o diretor.

Ônibus passa ao lado de esqueleto da Linha Prata do monotrilho (Foto: TV Globo/Reprodução)
Ônibus passa ao lado de esqueleto da Linha Prata do monotrilho (Foto: TV Globo/Reprodução)

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Scomi vai fornecer sistema de sinalização para Linha 17

01/06/2016 – Via Trolebus

A empresa Scomi em um comunicado feito nesta quarta-feira, 1º de Junho, anunciou que deve fornecer novos componentes para a Linha 17-Ouro. Serão fornecidos materiais referentes a sinalização, comunicações e fornecimento de energia.

Em 2013 a empresa de procedência malásia assinou contrato para a produção das composições do monotrilho na extensão entre o Aeroporto de Congonhas e a Estação Morumbi da CPTM. Os trens devem transitar sem operadores e terão velocidade máxima de 80 km/h, além de serem equipados com equipamentos de tração fornecido pela Strukton.

O material rodante deve ser produzido em sua fábrica em Taubaté. No seu comunicado, a empresa afirma que a abertura da linha é prevista para o primeiro trimestre de 2018, e que terá capacidade para 20.600 passageiros por hora/sentido.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

União nega empréstimo à Linha 18

11/05/2016 - Diário do Gde ABC / Blog Ponto de Ônibus / Via Trolebus

O Ministério do Planejamento reprovou o pedido de financiamento externo feito pelo governo do Estado para custear as desapropriações de áreas onde serão erguidas as futuras instalações da Linha 18-Bronze (Tamanduateí – Djalma Dutra). Prestes a completar dois anos da assinatura do contrato, em agosto, a futura linha metroviária que ligará o Grande ABC à Capital não tem mais previsão para ser entregue à população.

Solicitado pelo Estado ainda no primeiro semestre de 2015, o financiamento externo da ordem de US$ 182,7 milhões (aproximadamente R$ 637 milhões na cotação de ontem do dólar) foi reprovado pela União na 112ª Reunião da Cofiex (Comissão de Financiamentos Externos), realizada no dia 15 de dezembro.

De acordo com o Ministério do Planejamento, na oportunidade, a STN (Secretaria do Tesouro Nacional) solicitou a retirada da pauta após classificar a capacidade de pagamento do Estado na categoria ‘C’, considerada “insuficiente para a obtenção da garantia da União na contratação de operação de financiamento externo.” Essa avaliação determina se o ente público possui capacidade financeira para arcar com o pedido de se endividar e o posterior pagamento do passivo.

Em nota, a Pasta afirma que o Estado foi comunicado sobre o resultado da reunião, “oportunidade em que lhe foi solicitado para que, uma vez solucionada a pendência junto à STN, informasse a Confiex para a reavaliação do pleito.”

A Secretaria dos Transportes Metropolitanos, por sua vez, ressaltou em nota que “o Estado de São Paulo possui limite para o endividamento proposto e que o valor solicitado encontra-se em análise pelo governo federal.” A Pasta ainda destacou que desconhece o motivo para não autorização do pedido e que a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo está em tratativas com o União para equacionar a questão.

A expectativa do governo estadual era que os trabalhos de desapropriação fossem iniciados em agosto do ano passado. Na época, a gestão tinha previsão de entregar o modal até o fim de 2018, cronograma esse que foi descartado em novembro, durante audiência pública na Assembleia Legislativa, pelo secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni. “Até o fim do ano que vem (2016) iniciamos as obras. Entre 2019 e 2020 hoje é a realidade (para entregar a Linha 18-Bronze)”, disse, à época.

Conforme o Diário noticiou em novembro, o atraso para início das obras da Linha 18-Bronze não é apenas de financiamento. Há também impasse técnico que atrapalha o andamento da intervenção.

Na época, o secretário nacional de Transportes e de Mobilidade Urbana, Dario Rais Lopes, em audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara Federal, revelou que antes da Linha 18-Bronze entrar em operação é necessário que a Linha 17-Ouro (que ligará o aeroporto de Congonhas ao Estádio do Morumbi), que também é modelo monotrilho, passe por testes que avaliem de forma positiva o sistema adotado pelo Estado. Só após essa aprovação é que as obras da rede metroviária que ligará o Grande ABC à Capital poderiam ser iniciadas.

Vale destacar que o Metrô rescindiu no início do ano contratos com os consórcios responsáveis pela obra da Linha 17-Ouro, o que adia ainda mais o início de sua operação. Com isso, a previsão para iniciar a operação do tramo, que antes era em 2017, já não tem mais um cronograma definido.

TRAJETO

Com 15,7 quilômetros de extensão, a Linha 18-Bronze será o primeiro ramal metroviário expandido para fora da Capital. Com 13 estações, a previsão é transportar 314 mil passageiros por dia, com 26 trens à disposição. Na região, o trajeto passará por Santo André, São Bernardo e São Caetano.

A construção custará R$ 4,26 bilhões no total, sendo R$ 1,92 bilhão responsabilidade do poder público (repartido entre Estado e União) e R$ 1,92 bilhão da iniciativa privada, o restante é referente ao valor que será gasto com as desapropriações.

Governo federal prioriza obras em S.Bernardo

Enquanto a União descarta financiamento externo feito pelo Estado de São Paulo, alegando insuficiência do governo para arcar com o pagamento do passivo, pedido similar feito pela Prefeitura de São Bernardo foi aprovado sem impasses e demora pelo governo federal ainda no ano passado.

Em dezembro de 2015, o Ministério do Planejamento, por meio do Cofiex (Comissão de Financiamentos Externos), autorizou o prefeito Luiz Marinho (PT) a pleitear US$ 125 milhões (aproximadamente R$ 434,5 milhões na cotação de ontem do dólar) a organismos multilaterais e agências bilaterais de crédito para tocar projetos de infraestrutura urbana, principalmente drenagem. A proposta de financiamento feita por São Bernardo foi apresentada à Cofiex, segundo o ministério, no fim de junho. Já o pedido enviado pelo Palácio dos Bandeirantes, que foi recusado pela União, foi entregue em maio, ou seja, um mês antes da solicitação de Marinho.

Vale destacar que a gestão do petista, mesmo com essa liberação de verba, enfrenta dificuldades para entregar obras de Mobilidade Urbana. Grande maioria delas, anunciadas para serem entregues ainda em 2014, sequer devem ser concluídas pela atual gestão.  

Blog Ponto de Ônibus

Por medo de risco de calote, União nega captação de empréstimo para linha 18 do monotrilho do ABC

Secretaria do Tesouro Nacional classificou como insuficiente capacidade do Estado para o pagamento. Polêmico, modal não tem data para ser construído e concluído

ADAMO BAZANI

O Ministério do Planejamento reprovou a solicitação de financiamento externo feita pelo Governo do Estado de São Paulo para bancar as desapropriações de diversas áreas exigidas para construção de estações e pilastras para o elevado do monotrilho da Linha 18-Bronze do ABC Paulista. Os trens com pneus que circulam nos elevados devem ligar as cidades de São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul até a Estação Tamanduateí, na Capital Paulista.

O Estado de São Paulo solicitou no primeiro semestre do ano passado financiamento externo de US$ 183 milhões para retirar casas e comércios destas áreas para implantar a estrutura do monotrilho.

No entanto, a solicitação foi reprovada na 112ª reunião da Cofiex – Comissão de Financiamentos Externos da União.

Pelas regras de financiamento externo, o Governo do Estado buscaria recursos e teria a garantia da União para contratação da operação financeira.

A Secretaria do Tesouro Nacional – STN não deu essa garantia e pediu para que a solicitação fosse retirada da pauta por classificar a capacidade de pagamento do Estado como categoria “C”, insuficiente para esta garantia. A União seria uma espécie de fiadora do empréstimo.

Segundo o Ministério do Planejamento, a garantia voltará a ser dada após o governo do Estado resolver esta pendência com a Secretaria do Tesouro Nacional – STN.

Já a Secretaria dos Transportes Metropolitanos de Estado de São Paulo afirmou que o estado possui limite para o endividamento proposto e que o valor é analisado pelo Governo Federal.

Além de problemas financeiros, o monotrilho do ABC Paulista apresenta dúvidas técnicas, como a garantia do fornecimento dos trens, já que a empresa MPE desfez parceria com a companhia da Malásia Scomi, que vai assumir a construção dos veículos sozinha.  Questões relativas às obras, como galerias de água na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Bernardo do Campo, e o posicionamento das vigas para o elevado, também precisam de mais esclarecimentos.

A viabilidade desse tipo de modal para ligação também é polêmica.

A linha 18 deveria ter sido inaugurada no final de 2014 com obras custando R$ 4,2 bilhões. Sem mais uma previsão para ser concluído, hoje o monotrilho do ABC custaria 14% a mais, chegando a R$ 4,8 bilhões.

A linha teria no total 15,7 quilômetros nas duas fases de implantação. Isso significa dizer que cada quilômetro do monotrilho do ABC vai custar R$ 305,7 milhões. A demanda prevista é de 314 mil passageiros por dia.

De acordo com dados da UITP- União Internacional dos Transportes Públicos, um sistema de BRT – Bus Rapid Transit – corredores de ônibus de alta eficiência – pode transportar a mesma quantidade de passageiros por dia, mas o custo de construção por quilômetro é em torno de R$ 30 milhões.

As operações do monotrilho também devem custar mais, necessitando maiores subsídios. Atualmente o passageiro do BRT custa, em média, R$ 4,02 para ser transportado. Já o passageiro do monotrilho demandaria custos de R$ 6,90.

O secretário Nacional de Transportes e de Mobilidade Urbana, Dário Rais Lopes, do Ministério das Cidades, afirmou no ano passado que a construção do monotrilho da linha 18-Bronze só seria permitida depois de testes da linha 17-Ouro do monotrilho, da zona sul de São Paulo, que também não está em operação.

A Companhia do Metrô, responsável pelas contratações, interpreta essa cláusula de maneira diferente dizendo que não há necessidade destes testes na linha da capital.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Via Trolebus

Governo Federal nega empréstimo para Linha 18

Com já quase 2 anos de atraso, desde a assinatura dos contratos com a futura concessionária da linha 18-Bronze, o Governo Federal negou um empréstimo solicitado pelo Governo do Estado de São Paulo para as desapropriações previstas para a construção da linha de monotrilho.

De acordo com o Ministério do Planejamento, na oportunidade, a Secretaria do Tesouro Nacional solicitou a retirada da pauta após classificar a capacidade de pagamento do Estado na categoria ‘C’, considerada “insuficiente para a obtenção da garantia da União na contratação de operação de financiamento externo”. Essa avaliação determina se o ente público possui capacidade financeira para arcar com o pedido de se endividar e o posterior pagamento do passivo.

Já o Governo do Estado afirma que possui margem para adquirir novos empréstimos. A Secretaria dos Transportes Metropolitanos de São Paulo diz que desconhece o motivo para não autorização do pedido e que a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo está em tratativas com o União para equacionar a questão.

A linha 18, que será por monotrilho, ligará a estação Tamanduateí, da linha 2-Verde ao ABC Paulista.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

MPE vai deixar consórcio da Linha 17-Ouro

18/04/2016  - Valor Econômico

O grupo brasileiro MPE vai sair do consórcio da Linha 17-Ouro, um dos monotrilhos de São Paulo, no qual participa como um dos fornecedores de material rodante, sistemas e sinalização. A empresa da Malásia Scomi, parceira da MPE no projeto, vai assumir toda a encomenda. O monotrilho é um sistema de transporte que circula em vias elevadas com os trens movidos a propulsão elétrica sobre pneus de borracha.

O Valor apurou que, na prática, a Scomi já assumiu a parte da MPE, mas a oficialização da saída deve ocorrer até o fim do mês, quando será entregue à Justiça uma proposta de acordo de reestruturação da parte de obras civis do consórcio paralisadas desde novembro. As razões para a saída da MPE são contraditórias. Segundo o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, a empresa não tem condições de fazer os trens e está em dificuldades financeiras. O presidente da companhia, Adagir Salles, nega que haja problemas dessa ordem. Afirma que o projeto tem valores apertados e que, de fato, está em tratativas finais para sair do contrato. A MPE Montagens e Projetos Especiais, responsável pelo projeto do monotrilho dentro do grupo MPE, é investigada na Lava-Jato.

Por sua vez, a Scomi diz que houve um acordo entre as partes e que a decisão de assumir toda a encomenda está inserida na estratégia de posicionamento da empresa no mercado brasileiro, onde pretende alçar voos maiores, com o fornecimento de trens da Linha 18-Bronze do Metrô.

O chamado Consórcio Monotrilho Integração é responsável por um dos quatro - e o maior - contratos da Linha 17-Ouro. A parte de obras civis dele, como pilares e vigas, está a cargo das empreiteiras Andrade Gutierrez e CR Almeida e será reformulada. De acordo com o secretário, após a Justiça ter negado pedido de reequilíbrio feito pela Andrade Gutierrez, a empresa propôs ao governo terminar sua parte, mas com um escopo menor que o original. Irá implementar as 132 vigas que já tinha produzido, as vigas curvas, e fabricar mais 250 vigas que faltam. Depois teremos de licitar praticamente só a colocação das vigas, disse Pelissioni.

A proposta se mostrou vantajosa para o Estado, disse o secretário, que quer retomar a obra. Pela previsão original, a Linha 17-Ouro deveria estar pronta em 2014. Imaginamos que até o dia 27 a proposta de acordo seja entregue na Justiça e que as obras possam ser retomadas em maio, disse.

Dos outros três contratos da Linha 17-Ouro, dois foram rescindidos com os consórcios vencedores, ambos a cargo de Andrade Gutierrez e CR Almeida. Um era para a construção de quatro estações - Campo Belo, Vila Cordeiro, Chucri Zaidan e Morumbi-CPTM - e outro para o pátio de manobras. Conforme o Valor noticiou, o consórcio TIDP, formado por Tiisa e DP Barros, vai terminar o saldo do contrato das estações. Contudo, a estação Morumbi-CPTM será retirada do escopo e objeto da nova licitação, junto com o restante da implantação das vigas. O TIDP é responsável pelo único dos quatro consórcios que não deu problema, o da construção das estações Jardim Aeroporto, Congonhas, Brooklin Paulista e Vereador José Diniz.

Já as obras do pátio de manobras serão feitas pela Mendes Júnior, segunda colocada nessa disputa. Falta uma certidão negativa de débito prometida para hoje. A ideia é assinar o contrato ainda em abril e retomar o canteiro de obras em maio.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

 Monotrilho: Scomi e MPE vão desfazer parceria na Linha 17-Ouro

23/02/2016 - Valor Econômico 

Fernanda Pires e Francisco Góes / de São Paulo e do Rio

A parceria entre a empresa da Malásia Scomi e o grupo brasileiro MPE para o fornecimento de material rodante da Linha 17-Ouro, um dos monotrilhos de São Paulo, está em vias de ser rompida, conforme adiantou ontem o Valor PRO, serviço em tempo real do Valor. A Scomi deve assumir toda a encomenda. O monotrilho é um sistema de transporte que circula em vias elevadas com os carros (trens) movidos a propulsão elétrica sobre pneus de borracha.

Segundo a Scomi, que não trata o assunto como rompimento, mas como "acordo para encerramento da parceria", a decisão é resultado da estratégia comercial das companhias - a Scomi pretende expandir o negócio no Brasil. A MPE Montagens e Projetos Especiais, responsável pelo projeto do monotrilho dentro do grupo MPE, está sendo investigada na Operação Lava-Jato, segundo confirmou o Ministério Público Federal no Paraná.

Fonte com conhecimento do contrato disse que houve um "estremecimento" na relação entre MPE e Scomi e que a fabricação dos vagões para os trens, no sistema monotrilho, na fábrica de Santa Cruz, zona oeste do Rio, está paralisada há cerca de seis meses. A fonte disse que o contencioso tem relação com o descumprimento de acordos que estavam previstos na parceria entre os dois grupos.

A MPE teria desistido de continuar na sociedade com a Scomi, embora o grupo carioca ainda tenha interesse no negócio de trens urbanos e metrôs, segmento no qual tem experiência. No mercado, comenta-se que a MPE teria deixado de fazer pagamentos à Scomi. Procurada, a MPE não se pronunciou.

A empresa malaia teria deixado, por sua vez, de fornecer alguns equipamentos para os vagões fabricados na fábrica da MPE em Santa Cruz, disse a fonte.

A Scomi afirmou ter "plena capacidade" para cumprir as obrigações contratuais e negou haver litígio entre as empresas. Ponderou, contudo, que "em qualquer parceria há dificuldades naturais para execução de um projeto de grande magnitude e amplo escopo". Disse que todos os cronogramas contratuais com o Metrô de São Paulo foram atendidos.

Procurada, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos de São Paulo afirmou que não há atraso na entrega do material rodante do consórcio, formado ainda pelas construtoras Andrade Gutierrez e CR Almeida - responsáveis pelas obras civis do consórcio.

A fábrica para atender à encomenda da Linha 17-Ouro foi implantada em instalações pertencentes à MPE, em uma reforma concluída em 2012. Originalmente a Linha 17-Ouro precisaria de 24 trens de 3 carros. Mas, devido a questões relacionadas ao licenciamento ambiental do projeto, o traçado e o cronograma originais do empreendimento sofreram alterações e, em função disso, a encomenda foi reduzida para uma frota de 14 trens de 5 carros.

Segundo a Scomi, a produção dos trens de monotrilho consiste em várias etapas e fases já previstas no contrato, que são executadas em diversas partes do Brasil e do mundo. Os dois primeiros trens estão sendo fabricados na Malásia. A fabricação das caixas de alumínio, por exemplo, que integra o escopo da MPE, foram executadas na fábrica MPE, no Rio de Janeiro. A fonte disse que chegaram a ser montadas algumas unidades de vagões, mas não precisou o número exato.

Agora, no âmbito do acordo para encerramento da parceria que está sendo formalizado entre as empresas, a Scomi assumirá a montagem final dos trens. A companhia malaia disse ainda que a continuidade do projeto se dará em uma nova fábrica própria de monotrilhos e outros sistemas de material rodante que está em fase de implantação em Taubaté (SP). A unidade irá atender, além da Linha 17-Ouro, projetos futuros - como os trens da Linha 18-Bronze.


Obra deve sofrer baixa de mais um consórcio
 Fernanda Pires 

A construção da Linha 17-Ouro, o monotrilho que ligará o aeroporto de Congonhas à estação Morumbi da CPTM, na capital paulista, está prestes a sofrer mais uma baixa. Desde dezembro as obras civis do elevado do monotrilho - a cargo da Andrade Gutierrez e da CR Almeida - estão paralisadas.

Se for suspenso, será o terceiro dos quatro contratos da Linha 17 a ser rescindido. Os outros dois - também formados por Andrade Gutierrez e CR Almeida, para construção de pátio e estações - foram sustados em janeiro, pela mesma razão. O único trecho da Linha 17 que está com obras civis em curso é o do consórcio TIDP (Tiisa e DP Barros), responsável por 7,6 quilômetros dos 17,7 quilômetros totais e por algumas estações. O monotrilho deveria estar pronto para a Copa de 2014.

O Metrô iniciou os trâmites para a rescisão desse terceiro contrato e está consultando as empreiteiras participantes da licitação como alternativa para continuar as obras. O segundo colocado foi o consórcio formado por Queiroz Galvão, OAS, Bombardier Transit e Bombardier Transportation Brasil.

Até agora, apenas uma das quatro empresas do consórcio CMI, responsável pelo fornecimento do material rodante e por parte das obras civis, manifestou interesse em concluir o contrato. Trata-se da empresa Scomi, da Malásia, responsável pela fabricação dos trens. As demais, Andrade Gutierrez e CR Almeida, responsáveis pela obra, e a MPE, parceira da Scomi, não teriam se manifestado. O valor do contrato com o consórcio é de R$ 542 milhões. As multas podem passar de R$ 100 milhões.

A Andrade Gutierrez está sendo investigada na Lava-Jato. A CR Almeida é citada em planilha apreendida no escritório do doleiro Alberto Youssef que relaciona projetos suspeitos de irregularidade com órgãos públicos e estatais.

Segundo a Secretaria dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, a queda do ritmo das atividades começou em setembro de 2015. A pasta disse que faz reuniões com as empresas para solucionar conjuntamente os problemas. A Andrade Gutierrez não quis se manifestar. A CR Almeida não retornou.

No caso das rescisões feitas em janeiro, a secretaria está consultando as empreiteiras participantes da licitação para continuidade das obras. A estimativa é de que até o fim de fevereiro a situação esteja equacionada e os serviços sejam retomados em março.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Estado espera por aval à Linha 18 até fim do mês

18/01/2016 – Diário do Grande ABC

O governo do Estado de São Paulo espera que a Cofiex (Comissão de Financiamentos Externos), do Ministério do Planejamento, dê aval até o fim do mês ao pedido de empréstimo de US$ 182,7 milhões (R$ 739,17 milhões) para iniciar as desapropriações para construção da Linha 18-Bronze (Djalma Dutra-Tamanduateí), que ligará o Grande ABC ao sistema metroviário da Capital. A obra, prevista para 2018, deve ser entregue só em 2020.

A Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo aguarda desde o primeiro semestre de 2015 autorização da Cofiex para contrair o empréstimo. O órgão é que determina se o ente público possui capacidade financeira para arcar com o pedido de se endividar e o posterior pagamento do passivo.

“No dia 14 de agosto, o Ministério da Fazenda retirou de pauta os pleitos de novos empréstimos ‘a entes subnacionais’, o caso da Linha-18, justificando o momento econômico atual e o vultuoso volume de operações de crédito demandadas”, ponderou o governo estadual. Segundo a União, não há prazo para liberação do empréstimo.

A gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) corre para obter autorização porque o contrato assinado entre o governo estadual com o Consórcio Vem ABC, responsável pela obra, tem de ser ativado até agosto. Há risco de o acordo ser nulo, embora as partes acreditem ser pouco provável que isso aconteça.

Na semana passada, o governo do Estado suspendeu por um ano o início das obras para expansão da Linha 2-Verde (Vila Prudente-Vila Madalena) até Guarulhos. A alegação é a de que a União tem priorizado projetos em andamento por causa da crise econômica.

No caso da Linha 18, o governo Alckmin descartou a possibilidade de suspensão no momento. A obra está avaliada em R$ 4,2 bilhões, sendo R$ 1,92 bilhão dividido entre Estado e União e R$ 1,92 bilhão do consórcio – o contrato é por meio de PPP (Parceria Público Privada).

Também no ano passado, secretário nacional dos Transportes, Dario Rais Lopes, argumentou que falhas técnicas existentes em modais de monotrilho geraram preocupação do governo de Dilma Rousseff (PT) e, por isso, o departamento optou por segurar a liberação de dinheiro à Linha 18.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Empreiteiras abandonam obra de monotrilho

18/01/2016 – Valor Online

O Metrô de São Paulo rescindiu contrato com o consórcio formado por Andrade Gutierrez e CR Almeida para a construção de parte da Linha 17-Ouro, que liga o aeroporto de Congonhas à estação Morumbi da CPTM, na zona Sul da capital paulista. O Metrô diz que as empreiteiras abandonaram a obra e pode multar o consórcio em mais de R$ 100 milhões. É o segundo caso de abandono de obras do Metrô em seis meses. O primeiro foi anunciado em julho, quando o governo rompeu, por atraso, contrato que tinha com a espanhola Isolux para a construção de estações da linha 4-Amarela.

Segundo fontes ouvidas pelo Valor, a Andrade Gutierrez e a CR Almeida abandonaram as obras do monotrilho no fim do ano. As companhias eram responsáveis pela construção do pátio de manobras de trens e por três das oito estações. Procurada, a Andrade Gutierrez não quis comentar. Já a CR Almeida retornou os pedidos de entrevista. As duas empresas estão sendo investigadas pela Polícia Federal no âmbito da operação Lava-Jato, que apura desvios em contratos da Petrobras.

O ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo está preso desde junho. Na quinta-feira passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, negou habeas corpus a Azevedo e Elton Negrão, outro executivo da construtora.

A CR Almeida é uma das empresas citadas em planilha apreendida no escritório do doleiro e delator Alberto Youssef – peça central da Operação Lava-Jato – em São Paulo, que relaciona 747 projetos suspeitos de irregularidades em estatais, órgãos públicos estaduais, prefeituras e empresas privadas.

Vistorias feitas pelo Metrô no começo de dezembro indicaram o abandono da obra do monotrilho. Ao longo do mês, as empresas foram notificadas para retomar os trabalhos, o que não ocorreu. Na semana passada, as empresas formalizaram a saída alegando dificuldades para executar as obras dentro do orçamento previsto.

A construção do pátio era orçada em mais de R$ 268 milhões e recebeu aditivo superior a R$ 48 milhões. Já as três estações custariam mais de R$ 129 milhões, mas o valor da obra foi reduzido para quase R$ 120 milhões. Do total de R$ 436 milhões das obras, R$ 199 milhões foram pagos até dezembro.

O Valor apurou que o Metrô vai procurar o segundo colocado na licitação das obras para ver se há interesse em assumir os trechos abandonados pelas construtoras. No caso das estações da Linha 4, o governo paulista foi obrigado a lançar um novo edital. O monotrilho foi prometido para ser entregue antes da Copa de 2014, ligando Congonhas ao bairro do Morumbi. Após adiamentos, a expectativa é que parte das obras seja concluída no ano que vem e outra em 2019.