quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Moradores do Morumbi decidem ir à Justiça contra monotrilho

28/10/2010 - Transporte Idéias

Em São Paulo, moradores do Morumbi, na zona oeste da cidade, decidiram entrar com uma ação civil pública com o objetivo de tentar impedir a construção de um monotrilho que irá ligar o bairro ao aeroporto de Congonhas. A informação é do site “eBand”.

De acordo com os moradores, o financiamento de R$ 1,08 bilhão foi conseguido por meio do PAC da Mobilidade Urbana, que financia obras para a Copa do Mundo de 2014. Entretanto, o contrato entre bancos e governos estadual e municipal seria irregular, uma vez que o estádio do Morumbi foi descartado pela Fifa.

As pessoas contrárias à obra argumentam que projeto deverá causar grande intervenção na paisagem urbana por prever estações elevadas. Além disso, os moradores do Morumbi alegam que o custo de implantação será maior do que o inicialmente previsto.

O Metrô, que não foi notificado sobre qualquer ação pública, informa que o projeto é anterior à definição da sede da Copa.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Monotrilho fracassou em Dubai, Las Vegas e Johannesburgo

20/10/2010 - Revista Ferroviária 

Os monotrilhos só geram prejuízo nas cidades onde foram construídos, segundo o pesquisador Adalberto Maluf Filho, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), que escreve uma tese de mestrado sobre monotrilhos. Maluf, que trabalhou na elaboração de políticas públicas nas secretarias de Relações Internacionais e do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, afirma que só as empresas que fornecem os trens e os equipamentos ganham com os monotrilhos. A única solução para aumentar a mobilidade na capital paulista passaria necessariamente por um grande investimento em corredores para ônibus rápidos.

Dubai, nos Emirados Árabes, foi o único local que construiu todo o monotrilho como inicialmente projetado. Foram feitas duas linhas, uma de 54 km e outra de 5 km. A maior deveria custar 3,38 bilhões de dólares e transportar 1,2 milhão de pessoas por dia. No entanto, saiu por 7,6 bilhões e só leva em média 66.000 pessoas. O menor custaria 381 milhões, mas consumiu 1,1 bilhão de dólares. Com demanda inicialmente prevista em 40.000 passageiros por dia, serve para apenas 600 pessoas. Como não atingiu as metas, o governo é obrigado a cobrir o prejuízo do sistema.

Em Kuala Lumpur, na Malásia, a japonesa Hitachi deveria executar o projeto, mas desistiu por falta de fontes de financiamento. Empresas da Malásia decidiram levar adiante a construção, mas finalizaram apenas 8 dos 77 km planejados. No dia da inauguração, aconteceu o primeiro acidente. Parte da carroceria de um trem se soltou e atingiu um pedestre. Os problemas técnicos não pararam por aí. Pneus estouram com frequência e deixam os passageiros na mão. Em 2006, com apenas oito meses de monotrilho em operação, a empresa responsável faliu. O sistema acabou estatizado, e o governo assumiu um prejuízo de 266 milhões de dólares.

Também em 2006, o mesmo consórcio responsável pela construção do monotrilho da Malásia se comprometeu a fazer outro de 45 km na África do Sul. A linha uniria a região de Soweto ao centro da Johannesburgo e ficaria pronta antes da Copa de 2010. Custaria 1,7 bilhão de dólares e transportaria 1,5 milhão de pessoas a cada dia. À medida que as autoridades locais perceberam que o custo era subestimado e a utilização do sistema era exagerada, o projeto foi abandonado.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Monotrilho SP quer desapropriar até prédio na planta

06/10/2010 - Folha de S. Paulo

A implantação do monotrilho da linha 17-ouro do metrô, que ligará o aeroporto de Congonhas ao Morumbi e ao Jabaquara, planeja desapropriar ao menos 50 casas de alto padrão, postos de gasolina, cafeteria e até áreas de dois empreendimentos imobiliários que ainda estão em fase de lançamento.

Um deles é o prédio residencial Andalus, da Cyrela, na Vila Sônia, próximo ao estádio do Morumbi, com lançamento previsto para agosto de 2012. A Cyrela não quis comentar por não ter sido notificada formalmente.

O outro projeto inclui dois prédios --um residencial e um comercial-- da incorporadora Brookfield no Panamby, uma das áreas mais valorizadas do Morumbi.

O prédio comercial The Office, com 108 salas de 37 a 600 m2, já foi totalmente reservado --cada m2 custa R$ 7.000. O residencial Insight terá 144 apartamentos de 67 a 95 m2, mas nenhuma reserva foi feita.

"Não fomos notificados ainda, então entendemos que é só um estudo, que ainda será melhor debatido", afirma José de Albuquerque, diretor de incorporação da Brookfield em São Paulo.

A empresa irá recorrer. "Vamos informar que já existe projeto aprovado lá. A gente não concorda. Como a prefeitura aprova o projeto e depois desapropria? Se não for possível alterar o traçado, vamos para as vias judiciais."

As informações sobre os imóveis que poderão ser desapropriados foram detalhadas no EIA-Rima (estudo de impacto ambiental), que lista com fotos todos os imóveis.

Mais da metade está nas ruas Senador Otávio Mangabeira, Professor Alfredo Ashcar e João da Cruz Melão e avenida Jules Rimet.

No total, o Metrô espera gastar R$ 185 milhões para desapropriar até 132 mil m2 --cerca de 18 campos de futebol-- para implantar a linha 17, o que dá, em média, R$ 1.400 por metro quadrado.

Segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), só o terreno nessas regiões pode chegar a R$ 1.500 o metro quadrado.

Também serão afetados vários comércios na av. Jorge João Saad, como três postos de combustíveis, lojas da Subway e Starbucks Coffee, um bufê infantil e outros.

Críticas

Moradores e comerciantes criticam o projeto e a falta de informação. "A desapropriação é inesperada e desconfortável. Pagarão bem? Moro aqui há mais de 30 anos e não tinha ideia de sair", diz um morador de 63 anos da rua Alfredo Aschcar, que tem 13 casas de alto padrão na lista.

"Estamos aqui há três anos. Há muita dúvida sobre essa história. O que chega é boato, é conversa de morador, não temos informações oficiais", afirma Camila Ferreira, gerente do Starbucks.

"A desapropriação em si não é algo que causa tanto mal, mas a construção desse metrô aéreo é uma enorme absurdo. Vai ficar horrível", afirma o dono do posto, Sérgio Faga, na avenida João Jorge Saad desde 1998.

domingo, 10 de outubro de 2010

SP tem 6 projetos de monotrilho. 4 polêmicos

No Morumbi, M'Boi Mirim e na zona leste, abaixo-assinados tentam barrar o sistema

10/10/2010 - Márcio Pinho - O Estado de S.Paulo

Quatro dos seis projetos de monotrilhos previstos para a Grande São Paulo enfrentam resistência. Associações do Morumbi ao Jabaquara, do M"Boi Mirim e adjacências, na zona sul, de bairros da zona leste e até do Brás, na região central, estão contra os projetos da Prefeitura e do governo do Estado e, além de abaixo-assinados, prometem ir à Justiça. Em contrapartida, entidades da zona norte e de Paraisópolis, na zona sul, defendem o projeto por considerarem que incluem suas regiões no transporte de massa.

Hélvio Romero/AE
Hélvio Romero/AE
Zona Leste. Bairros temem invasão de moradores de rua

O monotrilho é um veículo movido a eletricidade, que tem em média seis vagões e transita sobre via elevada. O trenzinho da Disney é o mais conhecido dos brasileiros, mas o veículo é muito encontrado em parques e conexões a aeroportos na Europa e nos Estados Unidos. Na Ásia, são usados também para transporte de massa.

Suas desvantagens batem com as queixas da população em São Paulo: a necessidade de desapropriações, o impacto visual e urbanístico e a capacidade de transportar um terço do que comporta o metrô. Moradores reclamam ainda de que não puderam debater a escolha.

O Metrô, responsável por quatro dos projetos, afirma que o impacto é reduzido e as novas linhas foram projetadas para atender à demanda dos bairros.

O único monotrilho já em construção é o que vai expandir a Linha 2-Verde do Metrô da Estação Vila Prudente a Cidade Tiradentes, no extremo leste. Na região, igrejas e associações já recolheram 50 mil assinaturas, segundo o Movimento Ambiental, Cultural e Ecológico.

Para Douglas Mendes, secretário executivo, a zona leste foi mais uma vez desprestigiada. Ele diz que só o metrô poderia atender à demanda de regiões como Vila Prudente-Sapopemba, uma das mais populosas da capital paulista, com 528 mil habitantes segundo o IBGE. A população diz temer que o sistema seja um novo Fura-Fila e abrigue moradores de rua.

Outra região populosa, na zona sul de São Paulo, deve receber o mesmo tipo de projeto. Moradores já contam com 30 mil assinaturas e acenam com uma ação civil pública para impedir a construção, segundo a Frente das Entidades de M"Boi Mirim.

Morumbi. O caso de maior tensão é no Morumbi. Lá, a construção da Linha 17-Ouro prevê desapropriação de pelo menos 50 casas de alto padrão. Donos prometem ir à Justiça e já acionaram o Ministério Público. Márcia Vailoretti, da Associação de Segurança e Cidadania da Vila Sônia, Morumbi e Butantã, diz que o bairro foi cuidado por muitos anos pelas famílias para sofrer essa intervenção. "Muitos terão de sair. E sabemos que o poder público não faz manutenção desses equipamentos."

A região, porém, está dividida. A União de Moradores de Paraisópolis afirma que é primordial a chegada do transporte público. Diferentemente dos vizinhos, moradores ali torcem para que um dia o metrô chegue ao local.

Na zona norte, as associações da Vila Bancária Munhoz e do Conjunto Prestes Maia defendem a construção de seu monotrilho, da Linha 16-Prata. No Brás, o diretor da associação de lojistas, Jean Makdissi, é contra a construção na Avenida Celso Garcia. "Vai degradar ainda mais."

sábado, 2 de outubro de 2010

Monotrilho custa metade do preço do metrô

01/10/2010 - O Estado de S.Paulo

Além do contrato do Expresso Tiradentes, a Bombardier está de olho nos outros projetos que estão em estudo no Brasil, em especial em São Paulo. Se tudo der certo, o próximo projeto a ser disputado é o monotrilho entre o Morumbi e o Aeroporto de Congonhas, na capital paulista.

Um dos diferenciais do monotrilho é o valor do investimento, que chega a ser quase a metade do exigido na construção de um metrô subterrâneo. Segundo os dados da Bombardier, hoje o quilômetro de um monotrilho custa entre US$ 40 milhões e US$ 80 milhões. Já o custo do metrô está entre US$ 90 milhões e US$ 150 milhões. Outro benefício é o tempo de construção, bem menor no caso do monotrilho.

De qualquer forma, a Bombardier não deixará de lado os outros mercados, como o metrô, veículo leve sobre trilhos 
(VLT) e trem de alta velocidade (TAV). Em São Paulo ou no resto do País, ela deverá participar das licitação para fornecimentos de equipamentos.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Bombardier duplicará fábrica de Hortolândia

01/10/2010 - Revista Ferroviária

Para instalar o centro de tecnologia para construção de monotrilhos e atender as futuras demandas, a Bombardier duplicará sua fábrica em Hortolândia (SP).

Hoje, a unidade conta com dois galpões e construirá mais dois e cinco cabines de pintura de trens, totalizando 20 mil metros quadrados de área industrial no interior de São Paulo, em 2011.

O valor do investimento não foi divulgado, mas deve ser bem menor que o aporte de 33 milhões de euros que a Bombardier fez para a construção de sua fábrica na Índia, já que a empresa possui uma estrutura em Hortolândia.

Na unidade funcionará o centro de tecnologia para construção de monotrilhos, com a fabricação pioneira de monotrilhos de alta capacidade. Segundo o presidente da companhia no Brasil, André Guyvarch, esses monotrilhos permitirão atender quase o mesmo número de pessoas que o metrô. Os trens contarão com nova tecnologia que aumenta a tração dos truques para atender a demanda.

Guyvarch destacou que a Bombardier decidiu desenvolver uma fabricação nacional para ser mais competitiva. “A partir do momento que instala a capacidade fica mais fácil para fornecer outros produtos”.

O investimento também aumentará as oportunidades de empregos – a empresa projeta contratar cerca de 400 funcionários, passando dos atuais 200 colaboradores para 600 em 2011. As vagas envolvem toda a parte de engenharia, fabricação e gestão.

Atualmente a companhia canadense possui quatro contratos no Brasil: reforma de 26 trens da Linha 1-Azul, monotrilho da Linha 2-Verde e a sinalização da Linha 5-Lilás, todos com o Metrô de São Paulo, e a sinalização do Metrô de Salvador (BA).

A reforma dos trens da Linha 1 está sendo feita através do consórcio BTT, em parceria com a Tejofran e Temoinsa, também na unidade de Hortolândia.

Já o projeto para o fornecimento dos 54 trens (378 carros) e sistemas para o monotrilho do Expresso Tiradentes (Linha 2) ainda iniciará – a assinatura do contrato ocorreu nesta semana. Os trens serão modelo Innovia 300. O valor do contrato é de R$ 2,46 bilhões – a parte da Bombardier é de R$ 1,4 bilhões.

O Consórcio do Expresso Monotrilho Leste é liderado pela construtora Queiroz Galvão e inclui ainda a construtora OAS e a Bombardier, fornecedora da componente electromecânica. A Bombardier será responsável por projetar, fabricar e fornecer toda parte mecânica e elétrica do sistema de monotrilho. O tráfego na linha de monotrilho, de 24 km e 17 estações, será gerido pelo sistema de sinalização e controlo automático Bombardier Cityflo 650, que permite que os trens circulem sem condutor (driverless).

O primeiro trem (7 carros) será construído na fábrica da empresa em Pittsburgh, Estados Unidos, e os restantes serão produzidos na planta industrial em Hortolândia. O término da fase 1 do projeto está programado para acontecer em 2014.

Os fornecedores para o projeto ainda não estão definidos, mas empresas como a Alcoa, Faiveley e Knorr-Bremse são possíveis colaboradores.

A Bombardier já forneceu quatro outros sistemas totalmente automatizados de monotrilho (Tampa, Newark, Jacksonville e Las Vegas, nos Estatos Unidos). E formalizou o contrato para fornecer o sistema Innovia 300 King Abdullah, em Riad, Arábia Saudita.



A empresa pretende concorrer aos projetos da Linha 17-Ouro de São Paulo, cuja licitação foi lançada ontem (30), Recife e Vitória – os dois últimos ainda sem projetos definidos. “Vamos concorrer em todos”, destacou Guyvarch.