quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Governo de SP suspende monotrilho e trava linha até Congonhas

31/12/2015 - O Estado de SP

SÃO PAULO - A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) suspendeu até 2017 o início da construção de dois trechos do monotrilho da Linha 17-Ouro (Jabaquara-Morumbi), na zona sul da capital. Prometida para 2012, antes da Copa no Brasil, a ligação do metrô com o Aeroporto de Congonhas só deverá ficar pronta, no melhor cenário, em 2018, ano do Mundial na Rússia.

O Metrô informa que "resolveu adotar como prioridade a conclusão das obras dos trechos em andamento antes de dar início às novas frentes de trabalho” por causa da queda na arrecadação do Estado, "em razão da crise econômico-financeira que o País atravessa, com a alta da inflação, fortalecimento do dólar, queda do PIB e juros altos”.

A medida, publicada no Diário Oficial em dezembro, mantém paralisada por mais um ano a construção de 10 km da linha, 57% da extensão total (17,6 km), nas duas pontas que farão a ligação de Congonhas com o metrô (Linhas 1-Azul e 4-Amarela). Segundo a companhia, assim que as obras forem retomadas, a conclusão total dos trabalhos deve demorar 30 meses - julho de 2019.

De um lado, o Metrô congela o trecho entre a Estação Morumbi, da Linha 9-Esmeralda da Companhia de Trens Metropolitanos (CPTM), na Marginal do Pinheiros, e a futura Estação Morumbi-São Paulo, da Linha 4-Amarela, prevista para 2018, após atrasos. De outro, há a suspensão do trecho entre o aeroporto e a Estação Jabaquara, da Linha 1-Azul.

Até agora, apenas o trecho 1, com 7,7 km e que liga Congonhas à Linha 9, está em construção pelo consórcio composto por Andrade Gutierrez e CR Almeida. Prevista inicialmente para 2010, a etapa deve ser concluída no segundo semestre de 2017, segundo a última previsão do Metrô. A estimativa é de que a linha completa receberá 450 mil passageiros por dia.

A sucessão de atrasos e problemas envolvendo a construção da Linha 17 devem fazer com que a primeira conexão entre o aeroporto e o metrô seja feita na Estação Campo Belo, da Linha 5-Lilás, que fica antes do trem. Com quatro anos de atraso, ela deve ser concluída em 2018, segundo o Metrô, um pouco antes da extensão das duas pontas do monotrilho.

O especialista e mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP) Horácio Augusto Figueira afirma que "a demanda por passageiros” no trecho que o Metrô vai priorizar é "pífia”. "Um corredor de ônibus à esquerda, com os coletivos entrando no aeroporto, ficaria bem mais acessível. Ele já estaria operando e com um custo bem menor.” Ele ainda classifica a falta de conexão com a Linha 1-Azul como "cruel” para os passageiros. "É um erro tirar esse ramal da Linha 1-Azul. Aliviaria a conexão com a Linha 4.”

Comparação. Se cumprido o novo cronograma da Linha 17, em seis anos de obras, a gestão Alckmin terá aberto sete estações e construído 7 km de monotrilho na capital. Para efeito de comparação, também ao longo de seis anos, entre 1968 e 1974, o Metrô abriu sete estações da Linha 1, com obras subterrâneas, consideradas mais complexas e mais caras.

A Linha 17 foi orçada inicialmente em R$ 3,9 bilhões, mas já está custando R$ 5,5 bilhões, um aumento real de 41%.

Década. Já o monotrilho da Linha 15-Prata (Vila Prudente-Cidade Tiradentes), na zona leste, começou a ser construído em 2011, com previsão de entrega de 24 km de extensão e 17 estações em 2014. Até agora, apenas o primeiro trecho, de 2,9 km entre a Estação Vila Prudente, na Linha 2-Verde do Metrô, e a Estação Oratório, está em operação. Quando estiver completa, a linha deverá receber 500 mil passageiros por dia.

Em resposta a questionamentos feitos pelo conselheiro Antonio Roque Citadini, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o secretário estadual de Transportes Metropolitanos e presidente do Metrô, Clodoaldo Pelissioni, informou que o trecho até São Mateus deve ser concluído em etapas, entre 2017 e 2019, e que o monotrilho só deverá chegar à Cidade Tiradentes, no extremo leste, em abril de 2022, ano da Copa do Catar. A retoma das obras está congelada até dezembro de 2018.

Ao todo, 38,6 km de monotrilho haviam sido prometidos até o fim de 2015, incluindo a Linha 18-Bronze (Tamanduateí-São Bernardo do Campo), que ligará a Linha 2-Verde do Metrô ao ABC paulista e não tem mais prazo para começar, mais de um ano após a assinatura do contrato. Apenas 7,5%, porém, foram entregues.

Metrô diz que priorizou trechos em andamento

O Metrô informou em nota que decidiu priorizar trechos do monotrilho onde as obras já estão em andamento nas Linhas 17-Ouro (Jabaquara-Morumbi) e 15-Prata (Vila Prudente-Cidade Tiradentes) antes de abrir novos canteiros em razão da crise econômica.

Embora tenha suspendido a construção de dois trechos da Linha 17, o fato de projetos executivos já terem sido licitados "garante que as obras serão retomadas no futuro, com a melhora da economia”, diz a empresa.

O Metrô afirmou que "também há a necessidade de equacionar as pendências e a duplicação dos viários para a implementação das colunas e vigas dos monotrilhos” das Linhas 15 e 17.

No caso da Linha 17, a empresa afirmou que faltam a emissão da Licença Ambiental de Instalação pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, o prolongamento da Avenida Hebe Camargo e o reassentamento de 10 mil famílias. Já na Linha 15, faltam o remanejamento da galeria do Córrego da Mooca e duplicação e adequação da Avenida Ragheb Chohfi. Essas informações foram repassadas ao Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Obra de monotrilho desvaloriza e danifica imóveis

Na esquina da Rua Vieira de Morais com a Avenida Washington Luís, no Campo Belo, zona sul, repousa há um ano e meio uma viga de 90 toneladas que despencou sobre operários da obra da Linha 17-Ouro do monotrilho, matando Juraci Cunha dos Santos, de 25 anos, e deixando outros dois feridos. A cena simboliza uma obra que, até agora, só degradou a região e irrita comerciantes e moradores.

No Hotel Blue Tree, a obra deixou infiltrações e rachaduras em uma sala. A coordenadora de serviços exclusivos, Camila Damiani, de 28 anos, afirma que a obra "desvaloriza” o imóvel. "Ter uma sala de eventos que fica fechada é prejuízo”, diz. Ela conta que os hóspedes não gostam de ficar em quartos voltados para o monotrilho.

Logo depois do hotel, há mais um canteiro de obras. Em vez de operários no local, homens cortavam o mato que cresce entre estruturas metálicas já enferrujadas. Os tratores e outros veículos usados pela construção civil estavam estacionados no dia 18, quando a reportagem visitou o local.

Frustração. Na Rua Xavier Gouveia, moradores se mostram insatisfeitos com a poluição visual da linha, o atraso na entrega e os danos nos imóveis.

A gerontóloga Beth Macedo, de 52 anos, demonstrava felicidade de saber que o monotrilho que é visto da sala e da cozinha de seu sobrado poderia chegar até a Linha 1-Azul, até saber que os planos tinham mudado e que não há mais prazo para a obra. "Isso é inacreditável. Vamos ter uma obra dessa no quintal de casa, fazendo barulho, com gente olhando para dentro da minha residência, de uma obra que leva do nada para lugar nenhum”, diz.

Vizinha de Beth, a aposentada Maria Eugênia, de 67 anos, conta que seu sobrado, antes avaliado em R$ 1,2 milhão, teve o preço reduzido para R$ 800 mil. Ela tem vontade de sair, mas teme o prejuízo. "Agora eu nem sei mais o que fazer. Parece que não vai ficar pronto nunca. Só espero estar viva para ver a linha funcionando e valorizar novamente meu imóvel.”

Para o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, Valter Caldana, as queixas são pertinentes. "Os monotrilhos, à medida em que geram uma agressão à paisagem, acabam refletindo na sociedade um sentido de rejeição”, diz.

Em nota, o Metrô informa que a empresa e o consórcio "monitoram todas as interferências relativas às obras, fazendo os reparos necessários nos imóveis”. O consórcio já foi notificado para que "providencie melhorias nas condições dos canteiros” e a viga não foi retirada porque a Superintendência Regional do Trabalho "ainda não liberou o lançamento das vigas curvas”.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Linha 15-Prata do Monotrilho tem horário de funcionamento ampliado

21/12/2015 - G1 SP

A Linha 15-Prata do Monotrilho começa a cicular das 6h às 20h entre as estações Oratório e Vila Prudente, onde há integração com a Linha 2-Verde do Metrô, a partir desta segunda-feira (21). Antes, o horário de funcionamento era das 7h às 19h.

O trecho de 2,9 km começou a operar em horário comecial em agosto deste ano. O projeto total da obra prevê 18 estações e 26,6 km de trilhos. Dez estações deveriam ter sido entregues em 2015, mas em maio a data foi alterada para 2017.

Quando estiver completa, ligando o Ipiranga a Cidade Tiradentes, a Linha 15-Prata deve transportar 500 mil pessoas diariamente. Atualmente, 8 mil pessoas utilizam o transporte.

Atrasos

Em 2009, o então governador José Serra (PSDB) disse que a expectativa era que a Linha 15-Prata chegasse da Vila Prudente a São Mateus até 2010, com a expansão até Cidade Tiradentes concluída em 2012.

Depois, em julho de 2013, a entrega do primeiro trecho foi prometida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para janeiro de 2014. Quando o prazo chegou, a abertura foi adiada para março e, finalmente, a operação assistida começou em agosto do ano passado.

Em março deste ano, o secretário Estadual de Transportes, Clodoaldo Pelissioni, afirmou que o desvio do Córrego Mooca, essencial para a construção das próximas três estações da linha, começaria em abril e seria concluído em 15 meses.