segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Alckmin nega erro em projeto do monotrilho

07/12/2014 - Folha de SP

Segundo o secretário dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, Jurandir Fernandes, o governo estadual já sabia do córrego mas houve uma tentativa de construir as colunas das estações mesmo com o córrego.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), negou nesta quinta-feira (4) que uma falha no projeto do monotrilho da zona leste de São Paulo tenha paralisado as obras.

Segundo o governador, o Estado já sabia que existia um córrego que passa embaixo da avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello. Alckmin afirmou que a obra não está parada e que a informação divulgada está errada. "Não há nenhum erro [no projeto]. Já se sabia da existência do rio", disse.

A Folha publicou reportagem nesta quinta que engenheiros "descobriram" galerias de águas de um córrego embaixo da avenida.

O governo, agora, fez um novo projeto e decidiu mudar o córrego de lugar. Na prática, nos locais inicialmente desapropriados e depois descampados, não há como perfurar o solo para fincar a estrutura da estação, já que as galerias estão abaixo.

"A obra está em andamento. Temos oito estações todas em obras. Devemos ter lá quase 2.000 funcionários. Nesse trecho do córrego, no qual se está aprovando o projeto do novo canal com a prefeitura, da retificação da sua localização e a questão do impacto que terá na avenida Anhaia Mello, vamos fazer isso com o menor impacto possível", completou o governador.

Segundo o secretário dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, Jurandir Fernandes, o governo estadual já sabia do córrego mas houve uma tentativa de construir as colunas das estações mesmo com o córrego. Como verificou-se que não era possível fazer isso, o governo decidiu desviar o curso das águas.

"Já sabíamos do córrego. Isso de fato era sabido [na fase do projeto básico]", disse. Fernandes explicou que no projeto básico da obra os engenheiros detectaram que havia o córrego mas não sabiam qual era sua dimensão, o que só foi descoberto na fase do projeto executivo, que é mais detalhado.

"O projeto básico só tinha detectado que era um córrego mas não a dimensão disso daí, e aí tomamos a seguinte atitude: não vamos mexer com as estações. Vamos mudar o córrego. Então, não há nenhuma alteração de projeto das estações e não há custos aditivos nas estações. O que vai acontecer é que estamos desviando o córrego e voltamos a fazer o corpo da estação onde já estava previsto. Mas você não pode fazer o corpo da estação hoje com o córrego embaixo porque a coluna da estação afetaria o córrego", afirmou.

A Folha apurou que a obra foi interrompida, e o Metrô, empresa do governo estadual responsável por essa linha, terá de readequar o projeto para ao menos três das oito novas estações. A última previsão da gestão tucana era entregar as estações em 2015 –agora devem ficar para 2016.

Hoje a linha funciona em fase de testes apenas no trecho de menos de 3 km entre as estações Vila Prudente e Oratório. Sob a condição de anonimato, engenheiros da obras disseram que as futuras estações de São Lucas, Camilo Haddad e Vila Tolstói foram diretamente afetadas.

Apenas em São Mateus há colunas para a futura estação, mas a obra está parada. Nas demais, nada foi construído, e os terrenos seguem vazios. Nas áreas visitadas, funcionários trabalhavam nos trilhos ou nos canteiros próximos a colunas.

Fernandes, no entanto, afirmou que as obras das três estações estão paradas devido ao desvio. "O que ficou subentendido é que a obra do corpo da estação está parado, não está sendo feita. Mas temos oito estações sendo feitas em uma linha de 28 km. As três estações não estão sendo feitas nesse momento porque estamos desviando o córrego. Mas se você considerar que o desvio do córrego faz parte de toda a obra, ela não está parada", disse.

O secretário estadual não soube explicar o montante que deverá ser despendido a mais pelo governo para readequar o projeto. "O custo vai [mudar]. Estamos vendo isso e estamos calculando. Provavelmente a gente vai conseguir fazer isso dentro do aditivo da construção das estações. Não sei, sinceramente [quanto a mais custaria]. Custo a mais é pequeno. Vai caber dentro do aditivo", afirmou.

Alckmin e Fernandes estiveram em Brasília na manhã desta quinta para participar da assinatura de dois termos de financiamento entre o governo federal e o estadual para obras de saneamente básico e mobilidade urbana em um evento no Palácio do Planalto. O governo federal destinará para o Estado R$ 3,24 bilhões.

Fonte: Folha de S. Paulo/Revista Ferroviária

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