20/10/2010 - Revista Ferroviária
Os monotrilhos só geram prejuízo nas cidades onde foram construídos, segundo o pesquisador Adalberto Maluf Filho, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), que escreve uma tese de mestrado sobre monotrilhos. Maluf, que trabalhou na elaboração de políticas públicas nas secretarias de Relações Internacionais e do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, afirma que só as empresas que fornecem os trens e os equipamentos ganham com os monotrilhos. A única solução para aumentar a mobilidade na capital paulista passaria necessariamente por um grande investimento em corredores para ônibus rápidos.
Dubai, nos Emirados Árabes, foi o único local que construiu todo o monotrilho como inicialmente projetado. Foram feitas duas linhas, uma de 54 km e outra de 5 km. A maior deveria custar 3,38 bilhões de dólares e transportar 1,2 milhão de pessoas por dia. No entanto, saiu por 7,6 bilhões e só leva em média 66.000 pessoas. O menor custaria 381 milhões, mas consumiu 1,1 bilhão de dólares. Com demanda inicialmente prevista em 40.000 passageiros por dia, serve para apenas 600 pessoas. Como não atingiu as metas, o governo é obrigado a cobrir o prejuízo do sistema.
Em Kuala Lumpur, na Malásia, a japonesa Hitachi deveria executar o projeto, mas desistiu por falta de fontes de financiamento. Empresas da Malásia decidiram levar adiante a construção, mas finalizaram apenas 8 dos 77 km planejados. No dia da inauguração, aconteceu o primeiro acidente. Parte da carroceria de um trem se soltou e atingiu um pedestre. Os problemas técnicos não pararam por aí. Pneus estouram com frequência e deixam os passageiros na mão. Em 2006, com apenas oito meses de monotrilho em operação, a empresa responsável faliu. O sistema acabou estatizado, e o governo assumiu um prejuízo de 266 milhões de dólares.
Também em 2006, o mesmo consórcio responsável pela construção do monotrilho da Malásia se comprometeu a fazer outro de 45 km na África do Sul. A linha uniria a região de Soweto ao centro da Johannesburgo e ficaria pronta antes da Copa de 2010. Custaria 1,7 bilhão de dólares e transportaria 1,5 milhão de pessoas a cada dia. À medida que as autoridades locais perceberam que o custo era subestimado e a utilização do sistema era exagerada, o projeto foi abandonado.
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